Quem atua com gestão no varejo sabe bem que novas tecnologias não são mero enfeite. Pelo contrário, estar atualizado é condição para manter o nível de competitividade e cortar custos operacionais.
Para demonstrar o que estou falando, trouxe cinco evidências que podem te encorajar a buscar novas soluções para seu negócio. Vamos lá:
Lembra alguns anos atrás, só se falava de e-commerce?
Pois é, a empolgação com as possibilidades do comércio online era tanta que qualquer pequeno varejista era logo incentivado a migrar para a internet.
Hoje, há muita gente no caminho inverso.
Não que as plataformas digitais de venda tenham perdido a eficácia. Mas, aos poucos, os especialistas foram percebendo que o cidadão virtual e o digital são a mesma pessoa. Faz sentido, portanto, estar presente tanto on como off-line.
Estar pronto para esse novo momento do comportamento do consumidor fará a diferença nos próximos anos, mas demanda investimento em novas técnicas e tecnologias. E por que vale a pena?
Um estudo feito em 2014 pelo Conselho Internacional dos Shoppings Centers (ICSC) demonstrou que o consumidor omni-channel tende a comprar com até 3 vezes mais frequência do que o consumidor de canal único. É natural que, com mais canais de venda, venda-se mais.
E existem outras vantagens para o bolso dos varejistas. O apoio de softwares na integração dos canais de venda gera uma quantidade de informação valiosa sobre o comportamento do público.
Fica mais fácil entender, por exemplo, o impacto de uma ação específica ao relacionar os clientes que receberam a mensagem com quem concluiu a compra. Essa automatização do processo possibilita uma previsibilidade maior e, consequentemente, uma gestão mais racional do estoque.
O processo mencionado no tópico anterior vai de encontro a outra tendência complementar: a distribuição ship-from-store. Em vez de sustentar armazéns em centros de logística, algumas redes norte-americanas transformaram as próprias lojas em pontos de distribuição.
A varejista de moda feminina Ann Taylor fez essa aposta e investiu para possibilitar que suas mais de 300 lojas estivessem aptas a receber pedidos remotos. O novo sistema deu aos vendedores acesso a todo o inventário de todas as lojas, incluindo até mesmo as peças dos mostruários.
Não apenas ficou mais fácil para o consumidor encontrar o produto que procura, mas também, por outro lado, evita-se que uma peça esgotada em uma região tenha que entrar em liquidação em outro lugar por estar encalhada.
Por fim, o sistema de ship-from-store gera uma diminuição no tempo de entrega dos pedidos online, já que normalmente há mais perto do consumidor uma loja do que um centro regional de distribuição.
Grandes investimentos do varejo nas décadas anteriores transformaram o PoS (Point of Sale) em ePoS (Eletronic Point of Sale), o ponto de venda eletrônico, que automatiza grande parte da compra.
Isso possibilita que varejistas hoje apostem no sistema de self-checkout: O cliente entra na loja, escolhe o produto e quem recebe o pagamento é uma máquina, e não uma pessoa.
Uma rápida pesquisa de mercado vai indicar que, embora seja um sistema ainda pouco visto no Brasil, é aplicado em número crescente de grandes lojas estrangeiras, como a britânica Sainsbury’s ou a norte-americana Target.
A praticidade deve, com o tempo, mais uma vez, superar a desconfiança – o sistema de Self-checkout evita filas, custos com funcionário e, com a predominância de compras com cartão magnético, é cada vez mais prático.
As soluções computadorizadas para o varejo acabam por gerar uma quantidade imensa de dados, que, se bem aproveitada, resulta em informações importantes sobre o próprio negócio e serve de subsídio para pesquisas de mercado.
Com reports de vendas, por exemplo, uma rede consegue segmentar lojas por desempenho ou tipo de produto para adequar a oferta. Com informações sobre clientes, pode se planejar para aplicar ações de relacionamento personalizadas. E daí por diante.
Isso só pode ser feito desde que as informações sejam bem armazenadas e manipuladas. Os hoje predominantes ePoS (Electronic Point of Sales) facilitam esse processo, mas os dados precisam estar arquivados em algum lugar.
Você certamente já ouviu falar em cloud computing, a possibilidade de trabalhar servidores remotos através da internet. É um conceito que tem impactado o trabalho de muita gente e tornado mais acessível ao comércio o manejo de grandes quantidades de informações, já que apenas as maiores empresas têm recursos para manter a estrutura cara de servidores próprios.
O barateamento da tecnologia é mais um motivo para que os gestores não abram mão das constatações estatísticas. Hoje as empresas são quase unânimes em adotar para esse propósito soluções do tipo SaaS, que facilitam o acesso ao database a partir de qualquer navegador.
Veja algumas das vantagens em comparação com um software tradicional:
Se dados da própria operação geram insights sobre o negócio, imagine quanta coisa não pode ser feita se somados elementos externos?
O Geomarketing é a técnica que aproveita os modernos sistemas de informação geográfica (ou GIS – Geographic Information System) para gerar conhecimento e guiar tomadas de decisão.
Hoje existem plataformas de Geomarketing em formato de SaaS que cruzam informações e apresentam em mapas visualizações de vários aspectos geográficos e sociais. São ferramentas que entregam soluções de inteligência e pesquisa de mercado a negócios dos mais diversos setores de atuação.
Existem muitas possibilidades de uso dessa tecnologia no varejo. Vou citar aqui três práticas que podem te ajudar a cortar custos e aumentar o faturamento:
Com dados sobre a população que se localiza ao redor de uma loja, você consegue estipular preferências e comportamentos daquele consumidor padrão para ajustar a oferta e, assim, diminuir os estoques.
A Yamaha fez isso em sua rede no Brasil – nas lojas localizadas nas proximidades de áreas rurais, por exemplo, aumentou a oferta de motocicletas off-road. Isto elevou a assertividade da cota produzida para os níveis recordes.
Uma grande rede de supermercados no Brasil contratou uma plataforma de Geomarketing e colocou no mapa todas as lojas da rede e mais o endereço residencial dos colaboradores de cada uma delas.
Bastou isso para observar como era irracional fazer alguém atravessar a cidade até uma loja quando outra mais perto precisava da mão de obra. Em apenas algumas semanas de planejamento conseguiram redistribuir a força de trabalho e melhorar a qualidade de vida dos funcionários, além de reduzir o número atrasos e cortar custos com o vale transporte.
Uma das aplicações da tecnologia georreferenciada que mais tem tido resultados no mercado do varejo é relativo às ações de relacionamento com o consumidor. Isto porque, com o endereço residencial do cliente e mais informações sobre a sociodemografia do lugar onde ele vive, é possível traçar seu provável perfil.
Veja por exemplo, no mapa acima. O ponto vermelho representa uma loja e ao redor dele é possível ver como se distribuem os clientes. Nesta representação, vemos também qual a renda média residencial em cada quarteirão.
Agora, a loja pode planejar uma ação que atinja apenas os consumidores A1, delimitados pelos círculos, ou, então, pensar em como atrair com maior frequência os que vêm especificamente das regiões onde predominam as faixas B e C. Enfim – como atingir com mais assertividade os objetivos da campanha.
Embora algumas soluções se mostrem como investimentos significativos em um primeiro momento, têm em vista o retorno de longo a curto prazo. Novas tecnologias estão nos surpreendendo, cabe aos gestores encontrar as soluções mais adequadas a cada negócio.