A foto que ilustra o cabeçalho deste texto mostra o dia em que as forças especiais do Estados Unidos invadiram o Afeganistão para chegar ao Bin Laden.
Quase ninguém sabe, mas fora o emprego de forças especiais, esta caçada foi essencialmente um trabalho de Inteligência Geográfica.
Observe agora uma parte da famosa foto que mostra o alto escalão do time de segurança nacional dos Estados Unidos acompanhando o avanço da operação militar. Note que uma pequena parte da imagem foi descaracterizada, podemos ver claramente que se trata de um mapa.
Este dia foi o desdobramento final de uma série de análises de Inteligência Geográfica, que começou meses antes, com a última localização conhecida do alvo, o terrorista Bin Laden.
Tendo conhecimento da última localização de Bin Laden, o serviço de inteligência americano (CIA), com apoio de a National Geospatial-Intelligence Agency (NGA), passou a utilizar uma metodologia muito comum aos estudos de Inteligência Geográfica.
O primeiro passo foi restringir as opções que Bin Laden tinha, ele não poderia ir para a Rússia, China, Índia, Europa ou mesmo áreas ocupadas pelo exército americano, onde seria facilmente identificado. Assim, foi aceita a hipótese de que ele ficaria numa região que lhe fosse acessível e familiar. Outros critérios como apoio, religião e alcance também foram considerados.
De todos os lugares possíveis, alguns eram mais prováveis.
Conseguindo restringir sua caçada a uma área ainda mais restrita, a CIA pode se concentrar em aprofundar esta análise, buscando áreas que tivessem mais probabilidade do que outras. Afinal, alguns lugares são melhores que outros para uma determinada atividade, mesmo que seja para se esconder.
Bin Laden tinha mais de 60 anos, precisava de alguns cuidados médicos, suspeitava-se de que necessitava de hemodiálise, vivia cercado por sua família e seguranças. Por isso foi estabelecido que ele estaria em uma grande cidade, onde pudesse se esconder em meio à multidão e também contar com diversos recursos importantes, como eletricidade, água potável, acesso a alimentos, remédios e comunicação. Esta nova restrição permitiu que se chegasse a um número ainda mais restrito de lugares possíveis. Pois se estava numa grande cidade, também estaria numa casa, onde teria privacidade para ficar escondido.
O ponto vermelho marca a última localização conhecida de Bin Laden e as outras marcações no mapa são cidades com perfil para servir de refúgio.
Neste número restrito de cidades, a investigação focou em residências com perfil para acomodar o terrorista e seu grupo, considerando que teria que ser grande o suficiente e também discreta. Adicionalmente teria que ter a proteção reforçada, como muros altos.
Com a confiança de que aquela casa tinha uma altíssima probabilidade de ser o esconderijo, foi possível autorizar uma ação tão arriscada.