A Feira APAS é a maior do setor supermercadista brasileiro, mas engana-se quem pensa que é limitada aos imponentes estandes dos grandes players. O evento também oferece bastante conteúdo voltado ao varejo e à indústria, em um congresso composto por profissionais de destaque no Brasil e no mundo. E é claro que a nossa equipe foi até o Expo Center Norte conferir de perto o que rolou por lá, no terceiro dia de feira.
“Estratégias para a definição do sortimento de produtos” foi o tema da primeira palestra, realizada em dose tripla. Renato Meirelles, presidente do Data Popular, Mariana Donatelli, sócia-associada da McKinsey e Flávia Amado, gerente da Kantar abordaram a relação entre perfil do consumidor brasileiro e a oferta de mix de produtos nas lojas e supermercados.
Também abordamos a importância das indústrias que fornecem aos supermercados conhecerem o público-alvo por meio da inteligência geográfica, em um post que fizemos recentemente.
Na apresentação, Meirelles divulgou dados bastante curiosos do Data Popular e de outros institutos. Uma pesquisa da Provokers mostrou um raio-X das prioridades do consumidor, neste momento atual de crise, na hora de escolher entre marca e quantidade. O item que o brasileiro não abre mão são as bebidas, alcoólicas e não alcoólicas. 42% das pessoas fazem questão de manter a qualidade, mesmo reduzindo a quantidade desses produtos. Já para alimentos básicos, 54% dos compradores passaram a comprar marcas mais baratas – o maior índice da pesquisa.
“Por trás de cada número e estatística tem a história de um brasileiro. E isso tem que ser levado em consideração nas estratégias do varejo”, afirmou. Segundo ele, o aumento da renda e da expectativa do consumidor brasileiro na última década mudou completamente os critérios de compra.
Dando sequência à palestra, Flávia Amado, da Kantar, também revelou informações bem interessantes sobre os shoppers. “79% dos consumidores trocaram sua alimentação por produtos mais saudáveis no último ano. Então, é preciso se planejar para esse novo comportamento”, indicou a gerente. Para ela, o varejo precisa ser assertivo no sortimento de produtos, compreendendo o que o consumidor busca. “É preciso oferecer produtos que gerem penetração, além de evitar aqueles que se canibalizem entre categorias”, afirmou.
Mapas para entender o perfil do consumidor brasileiro são bastante efetivos nesse sentido.
A última a subir no palco foi Mariana Donatelli, da McKinsey. Ela falou principalmente sobre o papel das categorias de produtos nas diretrizes de sortimento: “É importante entender se o espaço designado a cada categoria de produto é consistente com o seu papel nas lojas”.
Perspectivas e oportunidades na visão de um norte-americano
A segunda e última palestra que fomos conferir foi também a mais concorrida do dia. John L. Stanton, professor de Food Marketing e diretor da Herr’s Food conduziu uma apresentação bastante divertida com exemplos em todo o mundo de como as empresas varejistas, mesmo as de pequeno porte, vem conseguindo desenvolver inovações para ampliarem a sua vantagem competitiva.
“As marcas já não são tão importantes quanto foram no passado. Vi mais mudanças ocorrendo no varejo, nos últimos 5 anos, do que nos 35 anteriores”, relatou. Outro ponto importante citado por Stanton foi em relação aos modelos de negócio no varejo, principalmente nos supermercados: “Preço não é a única coisa possível de tratar para tornar o seu negócio bem-sucedido. Comprar deve ser uma experiência para o consumidor, e os varejistas precisam criar essa sensação”.
Na apresentação, o executivo também alertou sobre de onde virá a grande pressão competitiva: “Indústria e varejo terão que competir, mas, principalmente se adaptar à realidade imposta pelas grandes lojas globais e de desconto, além do mundo online. Não se pode ignorar a tecnologia. Talvez ela não sirva hoje para o seu negócio, mas você tem que estar pronto”.
Após o encerramento do congresso, às 14h, deu-se início à feira, com mais de 500 expositores que fornecem aos supermercados. Grandes marcas, como Mondelez, Nestlé, Danone e BRF também estavam presentes com seus estandes.
Ao todo, mais de 70 mil participantes passaram pela APAS 2016, tratando de negócios, parcerias e conhecendo as novidades do setor. Ano que vem tem mais, e a Geofusion estará lá mais uma vez!