Para muitos negócios, principalmente os de varejo e serviços, ter um ponto de venda bem localizado é fundamental. Considere que, por alguma falha no planejamento inicial, mudanças na característica da população do bairro ou pela saída de uma empresa bastante influente, a região onde funciona aquele PDV passa a ser não tão atrativa como o idealizado. Em um país gigante como o nosso, ainda mais em momentos de crise, é algo que acontece regularmente.
Agora, imagine que uma cidade inteira precise mudar de lugar. Sim, isso realmente está acontecendo! Kiruna, na Suécia, está localizada acima da empresa que extrai o minério de ferro mais puro do mundo, a LKAB. E, por conta das atividades da mineradora, o chão do município sueco corre sérios riscos de simplesmente afundar.
Para resolver a situação e continuar as extrações (já que grande parte da população de lá depende da empresa), a LKAB vai trabalhar juntamente com a prefeitura e uma empresa de arquitetura, não apenas para realocar Kiruna, mas também para melhorá-la. O objetivo é realizar uma redistribuição das áreas no novo local, mesclando áreas rurais e centros urbanos. A expectativa é que a mudança completa dure 85 anos. Veja abaixo o projeto de remodelação:
Obviamente, aqui a situação é hipotética, mas há diversas situações em que uma unidade precisa mudar de ponto. Podem ser diferentes motivos, como aumento do aluguel, baixa rentabilidade e o surgimento de concorrentes competitivos na região.
Chegou a hora de encaixotar tudo e chamar o caminhão de mudança. No entanto, esse processo não é apenas fechar as portas em um endereço e realizar a reabertura em outro. É necessário refletir e planejar tudo muito bem.
Não é porque o negócio deu certo em algum momento, que também será bem-sucedido no novo ponto comercial. A pesquisa “Causa Mortis”, realizada pelo Sebrae, aponta que o erro mais cometido entre as médias e pequenas empresas que fecham as portas entre seu primeiro e quinto ano de vida é a falta de informações importantes sobre o mercado. Entre eles, 46% não conheciam o número de clientes e seus hábitos de consumo. O Sebrae entrevistou 1829 empreendedores e os resultados da pesquisa foram divulgados em 2014.
Existem alguns critérios para se pensar antes de fechar contrato e levar as caixas para o novo ponto:
– O segmento está em expansão?
– É viável economicamente?
– Existe demanda pelos produtos ou serviços que seu negócio vai oferecer?
– Quais são seus concorrentes?
– Sua marca já é reconhecida no mercado ou ainda está no início?
– O público a qual é destinado sabe como funciona seu negócio? É preciso evangelizar o mercado?
Nem sempre a baixa rentabilidade da unidade é um problema do local. Pode até ser que a região onde a empresa está instalada não tenha o potencial de consumo necessário, mas também é importante analisar se o mercado realmente necessita de seu produto ou serviço. Ter respostas para questões como essa é superimportante.
Antes de pensar em realocação, vale analisar também se as ações de marketing são aderentes, se o seu time de vendas está dando o máximo e se o mercado conhece o seu negócio – do contrário, será necessário evangelizá-lo. É essencial conhecer seu público e identificar oportunidades.
Respondidas as perguntas acima e com as demandas comerciais em ordem, chega a hora de analisar o mapa da região e, então, buscar um novo local para seu ponto de venda. De acordo com a pesquisa do Sebrae já citada, 37% dos empreendedores que fecharam as suas empresas não sabiam qual era a melhor localização para seu negócio.
Para compreender uma região por completo é essencial conhecer o geomarketing. Fazendo uso de uma plataforma especializada, você consegue entender a fundo a demografia, potencial de consumo, pontos comerciais, polos geradores de circulação de pessoas, concorrência, perfil dos moradores… enfim, diversos aspectos-chave para o sucesso.
Se as coisas não estão favoráveis, é hora de realizar a reabertura em uma nova sede que explore todo o potencial de mercado e traga mais oportunidades.
Uma grande parceria da Geofusion, a consultora, socióloga e especialista em geomarketing Mônica Paes de Barros participou de um webinar (em 24/06/2016) que promovemos aqui na empresa sobre como escolher um novo ponto no varejo. Na oportunidade, ela informou que as regiões não somente devem ser analisadas em mapas, mas também visitadas in loco, muitas vezes, em diversas horas do dia.
“Além de percorrer as regiões escolhidas dirigindo e de transporte público, é necessário caminhar pela região. Sim, andar, mesmo”, comentou na apresentação. Segundo Mônica, esse trabalho de campo é importante para confirmar a viabilidade da instalação de um negócio no local e também para entender como as pessoas se comportam em cada território. “O cliente é a alma do varejo”, completou.
Além de entender o cenário atual das cidades onde sua empresa está presente, é preciso antecipar as tendências para o futuro. Ainda no webinar, Mônica contou que é necessário entender, mesmo que simplificadamente, o plano diretor dos municípios. Esse é o documento que indica as mudanças que a cidade vivenciará nos próximos anos. Por exemplo, uma tendência que já se nota em São Paulo e em outras cidades mundo afora é a construção de uma centros urbanos para pessoas, e não para carros.
“As cidades do futuro serão compactas e policêntricas, ou seja, com diversos pontos comerciais espalhados pelos bairros, com o objetivo de aproximar o local de emprego da moradia. Dessa maneira, é incentivado e fomentado o uso de transporte público e caminhada pelo bairro, reduzindo o uso de veículos particulares e, por consequência, as emissões de carbono”, explicou a Mônica no webinar.
Se o futuro das cidades está sendo pensado para melhorar a mobilidade urbana, seja em São Paulo ou Kiruna, o ideal para seu novo ponto de venda também é pensar nesse aspecto. Para realizar a realocação vale andar até seu possível novo ponto partindo de locais distintos, sentir como é o acesso e a visibilidade.
Ver, ouvir e interagir com o público é mais que necessário na abertura de um novo ponto de venda. É um fator decisivo para o sucesso. Afinal, são as necessidades das pessoas que seu negócio busca suprir.