Na busca por boas oportunidades de expansão, muitas empresas apostam na análise de dados sobre os diferentes mercados brasileiros.
Vivemos em um país tão grande e tão diversificado que cada parte dele guarda suas próprias características, seu povo e, claro, hábitos de consumo próprios.
É para conhecer melhor cada região que muitas empresas investem em fontes de pesquisa sobre a população de cada parte do país. Assim, conseguem identificar, de acordo com o perfil do consumidor, em quais territórios os produtos têm mais chance de sucesso.
Um desses índices a serviço da inteligência de mercado é o Potencial de Consumo. Este estudo revela anualmente como está o poder de compra da população nas diferentes regiões do país.
Além disso, como consegue separar o volume por cada categoria de consumo, de Habitação a Bebidas Alcoólicas, é um trunfo ideal para quem procura o mercado perfeito.
Os números de 2017 foram recentemente lançados e o Potencial de Consumo da população urbana neste ano é estimado em R$ 3,9 trilhões.
O dado indicou a sequência de algumas tendências observadas nos últimos tempos. Trouxemos alguns destaques:
Os resultados identificados em 2017 apontam para a continuidade do que talvez seja a principal tendência no mercado nos últimos anos: a interiorização do Potencial de Consumo.
O desembolso dos recursos nos 22 itens da economia permanece maior no interior dos Estados sobre as capitais. Ao interior, cabe 64% de tudo o que será consumido pelos brasileiros das áreas urbanas em 2017, cerca de R$ 2,5 trilhões. Resta às capitais e regiões metropolitanas pouco menos de 36%, cerca de R$ 1,4 trilhão.
Este fenômeno vem se evidenciando desde 2015, quando a movimentação do consumo fora das capitais bateu os 70%. Por muitos anos, cabiam às capitais e regiões metropolitanas mais da metade do consumo nacional.
Esta tendência revela que, enquanto nas metrópoles a demanda está cada vez mais disputada, em alguns polos do interior, há mercados em plena expansão.
Como já vem sendo sinalizado desde 2009, o segundo maior mercado em total de Potencial de Consumo é o Nordeste. Até 2008, a posição era do Sul.
De forma previsível, a maior parcela dos R$ 3,9 trilhões a serem gastos pelos brasileiros em 2017 se concentra na região Sudeste, onde estão três das cinco cidades mais representativas neste quesito.
São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte reúnem sozinhas quase 15% de todo o Potencial de Consumo do país, o equivalente a R$ 581 bilhões em 2017.
A predominância do Sudeste, porém, tem diminuído ao longo dos anos frente à expansão das demais regiões. Em 1995, representava quase 60% do Potencial de Consumo da população.
A variação no Potencial de Consumo a nível regional pode chamar a atenção quando é preciso decidir onde apostar as fichas. Mas é bom atentar-se para outro aspecto da realidade: o tamanho da população.
O cruzamento do Potencial de Consumo e do número de habitantes das áreas urbanas demonstra outra faceta da realidade.
A região Sul ainda comemora o maior valor de consumo anual por pessoa (R$ 26,8 mil), seguida do Sudeste (R$ 24,6 mil) e do Centro-Oeste (R$ 24,3 mil).
Essas proporções ficam mais evidentes na comparação entre a participação por região no total da população urbana e no total de potencial de consumo.
É possível notar que nas regiões tradicionalmente mais ricas do país, como Sul e Sudeste, a participação no Potencial de Consumo é maior, enquanto que no Norte e no Nordeste, a população é mais representativa no panorama nacional.
Essa análise de dados combinados mostra que algumas tendências vem se mantendo ao longo dos anos. Isso porque há realidades que se transformam muito mais lentamente, como é o caso do Norte e Nordeste, cujos potenciais de consumo per capta ainda despertam desconfiança quando o assunto é expandir para essas regiões.